sexta-feira, 1 de abril de 2011

Setúbal e Hans Christian Andersen





Este artigo tem sido, como alguns que tenho publicado, preparado há já algum tempo e foi colocado hoje, no dia 2 de abril, de propósito, uma vez que é a data de nascimento de Hans Christian Andersen, mundialmente conhecido como escritor de histórias infantis. O Soldadinho de chumbo, a pequena sereia, o patinho feito são apenas alguns dos seus contos.

E porquê um artigo sobre Hans Christian Andersen? Por duas razões: uma, porque Hans Christian Andersen, visitou Portugal, no ano de 1866 e dessa visita de cerca de 3 meses, um mês foi passado em Setúbal, e a segunda, porque muitos setubalenses não fazem ideia de que ele esteve cá e gostou muito da nossa cidade e arredores.

A convite de um português, Jorge O’Neill, o qual conheceu na Dinamarca e daí nasceu uma amizade duradoura, Hans Christian Andersen empreendeu essa dita viagem da Dinamarca até Portugal, onde a relata num livro publicado "Uma Visita em Portugal em 1866".

Nessa estadia em Portugal, Hans Christian Andersen, chega à capital e por lá fica na casa da família O’Neill, cerca de 5 semanas, após o que parte para Setúbal.

Em Setúbal, fica hospedado na Quinta dos Bonecos, quinta essa ainda existente, na estrada das Machadas, e na altura propriedade também da família O’Neill. Por cá visita o convento de Brancanes, o Castelo de Palmela, a Serra de S. Luís, a Igreja de Jesus e faz uma excursão marítima à Arrábida e a Tróia.

Assiste a alguns eventos na cidade como os festejos de Santo António e a uma tourada no dia de São Pedro.
Nórdico como era, sofria muito com o calor "Como é bela a noite, amena e refrescante".

Porém, o dia da partida chegou e desse dia escreveu " Do muro do Jardim via o horizonte, para o sul, no contorno das sombras, Palmela, a Serra de S.Luís, e toda a extensão da Serra da Arrábida, como se fosse terra natal fossem para mim, conhecida e querida"

Vejamos, Hans Christian Andersen chamou à nossa terra de Terra Natal, honrou-nos com o seu amor, isso é um orgulho para qualquer Setubalense, mas agora o cerne da questão, o que fez e faz Setúbal para honrar tal pessoa?

Perguntamos ás pessoas e ninguém, quase ninguém sabe que Hans Christian Andersen : " Ai é , esteve cá? a sério?, o dos contos? não, tens a certeza?" são os comentários que ouço. Agora a culpa não é das pessoas individualmente, mas de todos nós, que não sabemos honrar quem nos honrou com tanto carinho.


Em Setúbal, temos:

1-uma rua periférica com o seu nome, na zona das amoreiras. Mal, deveria ter sido dado o seu nome a uma rua à altura da sua fama,

2- Um pinheiro Nórdico plantado na Avenida Luisa Tody em sua homenagem, que agora levou com um café mesmo por cima dele, tapando-o completamente e deixando-o no esquecimento, juntando isto a muita coisa que se faz mal em Setúbal. Eu não acredito que o café foi lá pespegado de propósito, mas quase parece. Quem passa por lá, e passa lá muita gente, de certeza que não reparou no pinheiro e nas 2 inscrições existentes.

Uma diz:

Plantei em Setúbal um pequeno abeto nórdico. Quando crescer o vento Norte ao abaná-lo com o seu sopro ai deixará uma saudação da escandinávia distante". H Andersen, uma visita em Portugal em 1866 - Cap. IV

A outra:
Abeto plantado em homenagem a Hans Christian Andersen. Câmara Municipal de Setúbal. Comissões Nacionais da UNESCO de Portugal e Dinamarca. Livraria CULSETE. Outubro 1998


Este pinheiro foi plantado, por iniciativa de Manuel Medeiros, dono da Livraria Culsete, açoriano de nascença, mas setubalense de coração, mérito lhe seja reconhecido. Em vez de ser uma estátua, honrou-se a sua memória com um monumento vivo, uma árvore.

Eu, enquanto Setubalense sinto vergonha da Cidade não lhe dar a devida atenção, de não o saber honrar porque, sinceramente, Hans Christian Andersen não precisa dessa honra, mas fica-nos muito mal. Não sabemos honrar quem nos honra.


Podíamos ter uma escola em seu nome, uma instituição pública, uma avenida igualmente, os projectos escolares deveriam passar por integrar a sua vida e obra, enfim, podíamos fazer mais. O problema é que não fazemos nada. Mais algo a corrigir e a melhorar na nossa cidade.

Não sabemos aproveitar os 'filões de ouro' que temos e , pior, parece que fazemos questão em não os utilizar.

Agora as fotos:
Foto da Quinta dos Bonecos onde ficou hospedado


Foto do Pinheiro Nórdico ' escondido' na Avenida