quinta-feira, 15 de abril de 2010

Circuito Turistico que Sebastião da Gama escreveu


Nas minhas idas habituais à loja Coisas de Setúbal, localizada no edifício dos Passos do Concelho, foi-me mostrado um pequeno livro, creio que uma edição recente de um circuito turístico bastante interessante: Trata-se de um circuito publicado pela então Transportadora Setubalense, de João Cândido Belo & C.a, Lda, de Azeitão. Estávamos no ano de 1949.

A beleza e raridade desta pequena maravilha reside no facto de que foi escrita por Sebastião da Gama. O Poeta fez, assim, uma descrição da Região dos Três Castelos, como se intitula, para uma viagem de um dia a bordo dos autocarros da Transportadora, com início e término em Cacilhas ( a Ponte 25 de Abril, então chamada de Salazar, só seria construída na década de 60), fazendo o seguinte percurso: Cacilhas, Fogueteiro Aldeia de Santana, cabo Espichel, Sesimbra, Arrábida, Setúbal, Palmela, Quinta do anjo, Azeitão (Vila Fresca), Vila Nogueira, Brejos, Paio Pires, Torre da Marinha, Corroios e por fim, Cacilhas.

Pelas suas páginas o Poeta faz uma descrição linda do percurso, onde, claro, dedica uma parte grande à sua, à nossa Arrábida.

"Um minuto mais e aparece o Convento. Ali se concentra a religiosidade esparsa pela Serra; parece que é ali a fonte mística, quando o contrário é o que afinal acontece; ali desemboca, vindo de todos os cantos, trazido por todos os ventos, o espírito que dá à Serra da Arrábida elevação e sentido. Ali é que se apercebe com nitidez a Arrábida mais verdadeira, que não é a Arrábida dos banhos, nem a Arrábida das caldeiradas, nem a Arrábida das romarias encantadoramente pagãs, nem sequer a Arrábida do turismo; é o que aquelas paredes contam........0 mato por aqui é rasteiro - acabou a Arrábida luxuriante para começar a Arrábida desolada e severa. Mas que encantamento de paisagem! - Para trás as matas, iluminadas de um Sol que as enriquece a esta hora da tarde; em baixo a fortaleza, meigamente poisada na orla verde do mar; cabrinhas agitam, os seus guizos e olham espantadas (ou indignadas?) os que perturbam a grande paz da Montanha. É um presépio autêntico, em que o Menino Jesus gostaria de ter nascido. Mirantes nos convidam a parar - varandins de onde Frei Agostinho veria, de uma banda, as águas do Oceano (e também as do Sado), da outra as do Tejo. E veria Setúbal garridamente disposta à beira-cais; e veria Lisboa, veria, no flanco norte da Serra (Os Picheleiros). as vinhas onde dorme o famoso Moscatel de Setúbal."



O livro custa quase 5€. Aconselho os interessados a adquirirem-no pois não se irão arrepender.Se quiser ler online, o site azeitao.net possuí o texto na íntegra, mas, mesmo assim compre!!

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